Um mar de lama cerca a atual administração do Lar dos Vicentinos. As denúncias que já são de conhecimento do Ministério Público Federal, vão desde extorsão, maus tratos, trabalhos forçado e até abuso sexual contra os idosos internos .
A denúncia feita por um dos internos contra o administrador Milton Pereira de Souza, diz que os desmandos administrativo são inúmeros. O denunciante contou à ac24horas, que constantemente "os idoso são espancados além de terem os seus benefícios confiscados pelo administrador da casa e até pelos parentes, que coincidentemente também são funcionários do Lar Vicentinos.
Seu Milton conta ainda, que de todas as doações que chegam no Lar dos Vicentinos, "se for coisa boa [tipo roupa de cama, toalhas e até mesmo alimentos] nunca chega aos velhos aqui do abrigo. Eu só posso fazer juízo de que eles levam essas coisas para a casa deles ou vendem", denuncia.
Outro interno que pediu para não ter o nome relevado, por medo de sofrer alguma represália, disse que é obrigado a trabalhar no Lar, sob ameaça de ser mandado embora. Ele conta que "aqui no Acre não tenho parentes e se for mandado embora, tenho medo de morar na rua como um mendigo". Ele também confirmou as denúncias feitas por seu Milton e disse que os idosos que vivem em cadeiras de rodas e não podem se mobilizar, as vezes sofrem até abuso sexual, por outro idoso. "Os enfermeiros mesmos podem confirmar o que digo; nós internos e eles mesmo estão cansados de pegarem ele despido encima dos outros velhos tentando estuprá-los".
O atual coordenador da casa, o senhor Raimundo Borges de Melo, confirmou em parte as denúncias de abuso sexual e admitiu que alguns cartões de benefícios ficam em seu poder e que o salário integral de alguns dos 58 internos do abrigo Lar dos Vicentinos ficam na administração para ajudar nas despesas do cuidado deles.
Perguntado pela reportagem de ac24horas se estar usando sua administração como um cabide de emprego para parentes, ele disse que apenas um neto e uma sobrinha dele são funcionários, mas que dos R$ 800,00 que ele ganha de salário para administrar "a casa de caridade" tira 300 reais para o pagamento da sobrinha para ajudá-lo a cuidar das finanças.
Sobre a mesa dele, foi possível verificar durante a reportagem dezenas de cartões de benefícios e de aposentadorias dos idosos. Indagado sobre do que se tratava aquele amontoado de documentos, seu Raimundo confirmou que são os cartões que ele retém dos velhinhos, mas que o dinheiro é repassado a eles. Mas a sua versão foi desmentida por ao menos quatro internos entrevistados pela reportagem.
Os idosos contam que quando muito vêem do dinheiro, não chega a ser R$ 40,00. "Eu não acredito que o salário de um velho aposentado seja apenas esse valor", desconfia o interno Milton em tom de revolta.
Raimundo Borges se defende das acusações de apropriação indébita dizendo que assumiu a pouco tempo a administração do Lar dos Vicentinos. Ele prefere colocar a culpa na administração passada. Ele não quis dizer o nome da antiga administradora, mas ficamos sabendo pelos internos que ela é conhecida como Dona Dilma.
Sobre as doações que chegam no Lar e que segundo os idosos não são para uso deles, Raimundo Borges diz que "as coisas sumiram porque a casa já foi assaltada quatro vezes".