Aureliano foi considerado inocente, mas Hildebrando e comparsas foram condenados.
Eram 21h35 da noite de ontem (2) quando o juiz Leandro Gross, da 1ª Vara do Tribunal do Júri proferiu a sentença de Hildebrando Pascoal, Manoel Maria [o Coroinha], Sargento Alex Barros, Ney Roque e Marco Antônio Cesar [o Cabeça], todos condenados por cárcere privado de Clerisnar Santos e seus dois filhos. Somadas são mais de 40 anos de prisão. O único absolvido no processo foi o coronel Aureliano Pascoal.
O Conselho levou mais de duas horas e meia para votar pela condenação dos réus. O julgamento que parecia ser tranqüilo, com previsão até de prescrição do processo, foi tenso e terminou com debates acalorados entre a acusação e defesa.
Com exceção de Aureliano Pascoal, que comemorou a segunda absolvição seguida, os demais advogados e defensores públicos entraram com recursos junto ao Tribunal de Justiça, inconformados com a votação do Júri contrária com as provas dos autos e o total das penas aplicadas aos réus.
Manoel Maria, Alex Barros, Ney Roque e Marcos Antônio tiveram o direito de recorrer da sentença em liberdade. O juiz disse não haver motivos para pedir a prisão dos réus.
Para o Ministério Público, o Estado fechou uma página chamada Esquadrão da Morte, tese que prevaleceu nas acusações feitas pelos promotores Leandro Portela e Rodrigo Curti. Durante 2h30 eles fizeram uma cronologia dos crimes praticados sob o comando de Hildebrando Pascoal, afirmando que o cárcere privado a Clerisnar Santos, foi um desfecho do clima de terror implantado no Acre.
- A sociedade acreana está de parabéns pelo trabalho feito aqui pelos jurados. Estou neste processo desde 2003 e acredito que hoje não viramos apenas uma página, mas fechamos um livro chamado Esquadrão da Morte – disse o promotor Leandro Portela.
Aureliano Pascoal não concedeu entrevista à imprensa. Esboçando um sorriso pequeno, ele disse que precisava descansar a cabeça. A tese sustentada pela sua defesa prevaleceu. O Conselho de Sentença entendeu que Aureliano Pascoal não participou das operações de busca a Clerisnar Santos, que configuraram cárcere a ela e aos dois filhos menores.
O mesmo entendimento não prevaleceu a Hildebrando Pascoal, condenado mais uma vez em julgamento que envolve fatos ligados ao esquadrão da morte no Estado do Acre.
Como a acusação apresentou a participação de cada condenado na Operação:
HILDEBRANDO PASCOAL:Era deputado estadual, foi quem coordenou a busca de Clerisnar no km 60 da Estrada de Sena, na fazenda de Mauro Paulino que também foi citado com Dário no processo. Clerisnar e os filhos teriam ficado a mando de Hildebrando na fazenda de Alípio Ferreira, mas no segundo dia, foram transferidas até a sua residência. Com ordem do deputado e com passagens doadas pela Casa Civil do Governo do Estado, Clerisnar viajou para São Paulo, escoltada por Coroinha. O Cárcere durou mais de 15 dias.
SARGENTO ALEX E COROINHA: Considerados o braço direito das operações do Coronel Hildebrando, foram os policiais que resgataram Clerisnar e os filhos da fazenda localizada na estrada de Sena Madureira até o galpão do Alípio. Consta nos autos, que as vitimas foram conduzidas dentro do porta-malas do veículo alugado pelo gabinete civil.
NEY ROQUE: Após alugar o carro Tempra para o Governo do Estado, dirigiu o próprio veículo para resgatar Clerisnar que vinha sendo conduzida por Coroinha e Sargento Alex pela BR 364 sentido Sena/Rio Branco. As vitimas foram transferidas para o porta-malas do carro de Ney. Consta que Clerisnar e os filhos foram encapuzados e tiveram as mãos amarradas. Com foco de lanterna no rosto, a elas foram feitas durante toda viagem, ameaças de morte, como uma espécie de intimidação para que a esposa de Hugo falasse o seu paradeiro.
MARCO ANTÔNIO CESAR [O CABEÇA] Era o caseiro da Fazenda de Alípio, homem de confiança que cozinhou para as vitimas, fez limpeza na casa e assistiu a toda operação no primeiro dia, antes de Clerisnar ser transferida para casa de Hildebrando Pascoal. Segundo a acusação, o cárcere aconteceu entre os dias 3 e 26 de Julho.
Sentença dos acusados:
HILDEBRANDO PASCOAL – 11 anos e 06 mesesSARGENTO ALEX – 10 anos e 06 mesesMANOEL MARIA - 10 anos de reclusãoNEY BANDEIRA ROQUE – 8 anos e 6 mesesMARCO ANTÔNIO CESAR – 3 anos de reclusão.
Fonte: ac24horas
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